quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Crié

O sal das lágrimas que escorriam em seu rosto se confundia com o sal que vinha da brisa do mar. Chegou correndo sem saber ao certo o seu destino...


Ela só via o mar. O olha como se nele pudesse encontrar as respostas. Tinha vontade de gritar, mas seu grito é preso pelo choro e então vem a dor. Jovens conversam ali perto, crianças brincam com as ondas e o mar.


Enquanto tentava se acalmar, pensava: “Mar... me dê as respostas... diga que meu sofrimento é engano...” Um passeio... Ela pensa que foi àquele passeio que seria perfeito para se aproximar daquela pessoa que ela acreditava ser seu amor...


A realidade é que a paixão a deixou confusa. Que amor seria aquele? Como seria correspondida, se a visão de um beijo, em que ela não participava, não lhe saia da cabeça? Por que ele? O seu amor... A sua paixão... Amor? Perdida entre areia, céu e mar, não sabe o que faz... Xinga, bate, briga por seu amor? Ela corre chorando entre a areia e deixa a brisa salgada levar suas lágrimas... Não sabe o que fazer. Se deixa ajoelhar-se... Agora um silêncio profundo toma conta do cenário. Olha em volta. “Eu não sou nada”. Esse pensamento a faz ficar inerte, parada, lágrimas escorrendo... Observa as sandálias que ficaram jogadas ao correr. Pega-as e começa a caminhar... O som do mar faz com que ela feche os olhos, enquanto a tarde cai. Quando abre-os, eis uma visão!


“É ele! Ele veio atrás de mim!” Ela esboça um meio sorriso... Mas... Mas... Ela compreende. Não era ele! Ele se aproxima. Ela percebe o que está acontecendo, porém, demora a entender, só deixa acontecer. Este ele chega até ela. Seca seu rosto, pega suas mãos, afaga seu ombro e a toma pelos braços com um abraço. Diz:

_ Eu gritei, gritei para que você voltasse. Saí a te procurar sem mais acreditar. Estava até sem esperanças para me guiar, mas, enfim te achei.


Ela fica ali, perdida em seus braços e pensa: “Eu sou uma boba!” Olha para ele e diz:

_ Esperei por sua presença. Agora entendo. Era você que eu queria para seguir a direção dos meus sonhos.


A brisa marítima que antes se confundiam com as lágrimas, agora toma seus cabelos. Eles se olham e o beijo é selado, em meio a areia, refrescado pelo mar e observado pelo céu. Tudo para. Seu mundo gira em um só pensamento: fim de um sofrimento e começo de uma nova vida.


Conto dramático escrito por Jeyva Nascimento e Osmar Ayrton, livremente inspirado em “Aline” do cantor francês Christophe. “Et j’ai crie, crie, Aline, faut quelle revienne”

2 comentários:

Osmar disse...

Et j´ai crié,crié,Jeyva,pour qu´elle revienne!"
Poema poéticamente afrancesado:Lindo,Dramático,melancólico de doer o coração.Nosso grito poético.hahaha...
Mal posso esperar pelo proximo.OsmaritO

A Palavra Mágica disse...

Que lindo!

Parabéns a essa dupla promissora!!

Beijos e abraço!
Alcides